quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Ideologia de Gênero: O neototalitarismo e a morte da família (...não devemos de falar de gênero quando nos referimos a pessoas, mas simplesmente de sexo. Gênero é um conceito ideológico que tenta anular as diferenças e aptidões naturais de cada sexo. ...)


Autor: Jorge Scala
ideogene

Tendo tido a honra de traduzir do espanhol a excelente obra “IPPF: a multinacional da morte”, de Jorge Scala, deparo-me agora com outro livro valioso do mesmo autor, já traduzido para o português, sobre a “ideologia de gênero”.

Em nossa língua poucos são os que compreendem a origem, o significado e o perigo de tal ideologia. Não tivemos ainda, por parte do episcopado brasileiro, um documento semelhante ao produzido pela Conferência Episcopal Peruana “La ideología de género: sus peligros y alcances” (1998). Ao contrário, não são poucas as vezes em que membros da hierarquia católica em nosso país fazem uso – inadvertidamente, é claro – de termos emprestados àquela ideologia. Falar de desigualdade de gênero, opor-se à homofobia, não aceitar discriminações contra os homossexuais, dividir as pessoas em homossexuais e heterossexuais, tudo isso se encontra em escritos de zelosos pastores de almas, inocentes úteis nas mãos de uma doutrina tão perniciosa.

Como já destacara em sua obra “IPPF: a multinacional da morte”, Jorge Scala torna a advertir-nos sobre o perigo do jogo de palavras, que não é inocente, mas faz parte de um engenhoso plano tático de infiltração ideológica.

Adverte-nos o autor que não devemos de falar de gênero quando nos referimos a pessoas, mas simplesmente de sexo. Gênero é um conceito ideológico que tenta anular as diferenças e aptidões naturais de cada sexo.

A população se divide em homens e mulheres, não em homossexuais e heterossexuais. Esta última classificação é perigosa, pois tende a colocar no mesmo nível uma anormalidade (o homossexualismo) e a normalidade sexual, como se tudo fosse mera questão de legítima opção.

Não se deve falar, sem mais, que a Igreja é contrária à discriminação aos homossexuais. O Catecismo da Igreja Católica teve o cuidado de distinguir: “evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta” (n.º 2358). O texto supõe, portanto, que a Igreja admite discriminações justaspara com os homossexuais. E de fato admite. Uma delas é a proibição de receberem a Sagrada Comunhão, enquanto não abandonarem seu pecado (o que vale também para qualquer outro pecado grave). Outra é a impossibilidade de serem admitidos em seminários e casas religiosas.

Tampouco um cristão deve dizer que se opõe à homofobia, pois este vocábulo pejorativo foi criado para designar as discriminações justas.

O erro fundamental da ideologia de gênero, como nos ensina Jorge Scala, é a negação da natureza humana em matéria sexual. Não há, segundo tais ideólogos, um homem natural nem uma mulher natural. Masculinidade e feminilidade são meras construções sociais, que podem (ou devem) ser desconstruídas. O casamento entre um só homem e uma só mulher (heterossexualidade obrigatória) é visto não como a união natural entre dois seres complementares e fecundos, mas como mera convenção da sociedade. A família é uma instituição a ser abolida. Faz-se isso dando novo sentido a essa palavra. Família deixa de ser o “santuário da vida”[1] e passa a designar qualquer aglomerado de pessoas (no futuro, também animais?), com qualquer tipo de comportamento sexual (incluindo a pedofilia?), orientado ou não à procriação. A vida deixa de ser sagrada, para ser o produto do encontro casual de um macho e uma fêmea da espécie humana. A promoção do aborto, portanto, é coerente com a defesa da desestruturação da família e faz parte da agenda de gênero.

O Brasil tem-se destacado vergonhosamente pelo apoio maciço a essa ideologia. E isso nosso governo tem feito por todos os meios: realizando Conferências Nacionais de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT); apoiando as horrendas paradas de “orgulho” (sic) homossexual; produzindo material educativo (?) de “combate à homofobia” e distribuindo-o a crianças e adolescentes nas escolas; apoiando a “união estável” e o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo; lutando perante a ONU e a OEA pela proibição internacional de toda discriminação (justa ou injusta) aos que praticam o vício contra a natureza.

Faço o leitor notar que Jorge Scala foi o primeiro autor de que tive notícia a admoestar sobre o perigo da expressão “planejamento familiar”[2], termo esse sistematicamente evitado pelo Santo Padre e pela Cúria Romana, mas amplamente usado por sacerdotes, bispos e até por Conferências Episcopais. Em vez de “planejamento familiar” (termo cunhado pelos fautores da cultura da morte e que inclui aborto, esterilização e anticoncepção), os católicos devem falar em paternidade responsável, um termo caro ao Magistério da Igreja, que significa não só o espaçamento dos filhos (por razões graves e com respeito à lei moral), mas também a abertura à bênção de uma família numerosa.

No presente livro sobre a “ideologia de gênero”, Jorge Scala conserva sua habitual precisão dos termos, sua clareza na exposição dos temas e sua crítica sistemática a cada uma das teses. Conclui com um convite à esperança, uma vez que tal ideologia, como todas as outras, está fadada à desaparição. Cabe a nós lutarmos contra ela a fim de minimizar seus danos ao ser humano, à família, à sociedade e sua ofensa à soberania de Deus.

Creio que a leitura deste livro será muito proveitosa a todos aqueles que lutam em defesa da vida e da família. Queira Deus que ele seja amplamente difundido e lido em nossa pátria tão ferida e ameaçada pela cultura da morte.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis.


[1] JOÃO PAULO II, Encíclica Evangelium Vitae, n. 92.
[2] Cf. Introdução (p. 11-12) de seu livro IPPF: a multinacional da morte, Anápolis: Múltipla, 2004.

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